sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Cristalino, um paraíso amazônico

“João Quental apresentou índice de inesperadas aves, passarinhos de se pegar aos olhos, com umidade de luz, ecos de amizade e sentimentos”

Assim inicio este relato, inspirado pelos versos do músico, cantor, compositor, poeta e fotógrafo de aves Tavinho Moura, grande amigo e ótimo parceiro de passarinhadas, que muito nos alegrou com suas divertidas e inteligentes intervenções.
E como tudo na Amazônia é superlativo, dividirei em capítulos esta história, que com muito prazer passo a compartilhar agora com vocês.

O Cristalino Eco Lodge é um premiado hotel de selva localizado em Alta Floresta, sul da Amazônia, onde de 24 a 29 de outubro se reuniu um grupo sensacional, graças à iniciativa do professor e eminente fotógrafo João Quental, que está promovendo workshops em parceria com este excelente hotel. Não tem como não recomendar.

 O deck é um lugar maravilhoso para contemplação da natureza
Na foto, o grande Otacílio Tiago em ação
 



Após o desembarque no pequeno aeroporto de Alta Floresta, onde um micro-ônibus já estava nos aguardando, fomos direto ao Floresta Amazônica Hotel - festejado por possuir um ninho de harpias na sua mata particular - para fazer o check in.

Normalmente quando as harpias estão nidificando é reservado um tempo para que o hóspede tente a sorte de ter um encontro com a mais poderosa águia do planeta.
Tivemos a notícia de que provavelmente houve abandono do famoso ninho, mas recentemente as harpias foram vistas na área e equipes já estão fazendo buscas para tentar encontrar um possível novo ninho.
Ficamos na torcida.

Após os procedimentos de praxe voltamos para o veículo para continuarmos a parte terrestre de nossa viagem que findaria no piscoso Teles Pires.
Pastagens e madeireiras formavam uma desoladora paisagem, somente algumas enormes árvores isoladas nos lembravam que estávamos em domínio amazônico.
À medida que nos aproximávamos do rio, adensamentos florestais iam se formando cada vez maiores e mais próximos, até que chegamos na mata ciliar do rio Teles Pires, onde barcos nos aguardavam. Neste momento acho que todos começamos a entrar no “clima”.

Assim que saímos do ônibus uma típica tempestade amazônica matou minha saudade daquela chuva ameaçada de extinção aqui no sudeste brasileiro.
Aliás, por lá não faltou água, e pude perceber que as mudanças climáticas afetaram até minha tolerância com a chuva. Apesar de ter atrapalhado um pouco nossa programação, estranhei minha falta de natural melancolia enquanto aquela chuva parecia não ter mais fim.
Como, de fato, depois de uma manhã ensolarada e bem aproveitada, quando ela vinha amansando aquele calor brabo de altas tardes, trazia certa satisfação.

E nos momentos que ficamos esperando a chuva parar, a diversão estava garantida, pois um hotel incrustado na floresta primária é um oásis de possibilidades. Até nos disseram que harpia já viram pousada, e exatamente num dia chuvoso. 
Foram vários lifers nestas condições. Embora geralmente a grande distância, o que impossibilita boas fotos, são uma satisfação para quem os coleciona.

Outra coisa que ajuda muito nestes momentos de espera é a sinergia do grupo, e isto não faltou também, muito pelo contrário. 
Estar com queridos e saudosos amigos e fazer novas e excelentes amizades, sem dúvida, foram o ponto alto desta viagem. Se alguém foi inconveniente, foi este que vos escreve, pois estar num lugar desses é como beber na fonte da juventude, viro menino! Espero que me perdoem por alguma falta.

Bem, fico por aqui, dedicando este post aos amigos que as aves me trouxeram. 
Ave amigos!

Eu, Tavinho, Carlos, Cica(esposa de Tavinho), Bruno, Clézio, Quental e esposa, Otacílio, Geraldo e Marcelo
Foto: Seu Sebastião




Uma dica: se você não se importa com o forte calor e sol escaldante, nos meses de inverno(lá o verão amazônico) não costuma chover e há a possibilidade de ótimas fotos de espécies sensacionais e muito difíceis de fotografar. Os experientes guias fazem uso de poças d’água para atrair aves sedentas. Ótimo estratagema, muito melhor que o uso do playback.