segunda-feira, 19 de maio de 2014

Aves do JB Parte IV (Episódio especial)

Ave amigos!

Ontem tive a companhia do meu sobrinho Fellipe, que acho de tanto ouvir seu tio falar das aves resolveu conferir.
E lá fomos nós, recebidos por uma saracura-do-mato e uma jacupemba. Naquela correria de sempre(da saracura), não consegui fazer uma boa foto, mas o Fellipe, apesar de ser iniciante na arte da fotografia, conseguiu uma ótima foto, quem sabe ele não nos prestigia compartilhando suas fotos no Wiki ou no Faceaves?...

Já a jacupemba até posa

Após as boas-vindas, fomos ao lago da restinga, onde um socó-boi jovem estava dando mole ultimamente. Para nossa surpresa encontramos foi um biguá, que pescava incessantemente no pequeno lago. Apesar de ser uma ave muito comum, nunca havia o encontrado ali.

Biguá

O biguá deu um show, mergulhando e perseguindo uns peixinhos que saltavam para fugir do predador. Dando-se por satisfeito, saiu do lago para secar suas asas, antes de alçar voo.


Resolvemos então ir para o caminho da Mata Atlântica. No caminho, um bando de bicos-de-lacre. Esqueci de dizer para o Fellipe que esta espécie é nativa da África e, introduzida, se deu muito bem por aqui(mas agora ele e os leitores que ainda não sabiam vão saber).

Bico-de-lacre no caminho

Mas na trilha da mata nenhum bando misto - fato raro, somente avistamos um arapaçu-liso, mas sem chance para fotos. Então resolvemos lanchar, e na saída, na borda da mata, encontramos algumas chocas-de-flanco-branco e este bico-chato-de-orelha-preta que deu um certo mole para fotos.

Bico-chato-de-orelha-preta


O Fellipe é de poucas palavras - o que para um observador é uma qualidade. Perguntou-me sobre tucanos, o que foi suficiente para saber que tínhamos que encontrar algum por ali, já que eu sempre disse que o JB é o melhor lugar que conheço para fotografar o tucano-de-bico-preto.
Depois do lanche, advinhem quem nos sobrevoa? Um ramphastos vitellinus, vulgo tucano-de-bico-preto. O Fellipe saiu correndo prum lado, eu fui pro outro, pois imaginei que ele poderia ter pousado perto daquele laguinho do biguá. Não deu outra, lá estava o bicho, para nossa alegria:


Enquanto fotografávamos este belo ramphastídeo, eis que passa voando bem alto um casal de seus parentes do Cerrado, o tucanuçu(ramphastos toco), o maior representante da família que vem expandindo sua área de ocorrência com a destruição da Mata Atlântica.

Tucanuçu

Ainda por ali encontramos e fotografamos diversas espécies residentes muito legais, algumas mais conhecidas, outras nem tanto, mas todas muito belas, de nossa riquíssima avifauna.

Bem-te-vi

Saíra-sete-cores

Tiriba-de-testa-vermelha

Teque-teque
Pica-pau-anão-barrado

A manhã já findara e perguntei ao Fellipe se havia gostado, sua afirmativa foi convincente. Então emendei um convite para as próximas, o que ele, sempre muito educadamente, aceitou.

O Fellipe é um grande motivo de orgulho para todos nós! Seguidamente campeão das Olimpíadas de Matemática, meritoriamente vai cursar engenharia aeroespacial em Chicago ainda este ano, grande motivo de alegria com certeza, só deu uma peninha em mim por ter demorado tanto a despertar seu lado birder... Mas temos até setembro para passarinhar bastante, né mesmo Fellipão?

Fellipe em ação

domingo, 11 de maio de 2014

O Festival da Taquara de Itatiaia

Ave!
Alegria! Hoje é dia de festa!
Assim acordamos às 4 e meia da matina animados pelo grande e raro evento, que, em alguns lugares, pode ocorrer de 100 em 100 anos!
A grande festa estava marcada para começar pra gente com a abertura dos portões do Parque Nacional de Itatiaia. E para completar a alegria de estarmos neste formidável evento, fomos agraciados com a companhia do grande fotógrafo de aves Luiz Ribenboim, que além de informar sobre o festival, muito gentilmente se voluntariou em nos guiar nesta que, junto com o Festival da Formiga de Correição, é uma das duas maiores festas de nossas matas.
As principais atrações foram as raras apresentações de duas espécies que infelizmente estão vulneráveis à extinção, o pixoxó(que na minha terra é conhecido como catatau) e a cigarra-verdadeira.
Oficialmente as duas espécies estão na mesma categoria de ameça, mas nossa impressão é que havia uma centena de pixoxós para cada cigarra-verdadeira. Em meio à sinfonia de pixoxós que dominava a paisagem sonora,vez ou outra escutávamos uma ou outra cigarra.

O citado festival ocorre devido à grande oferta de alimento proporcionada pela frutificação das taquaras. As aves cantavam e voavam parecendo comemorar o grande banquete.
Algumas vezes elas paravam de se alimentar e se concentravam em bandos enormes(provavelmente passavam de uma centena de aves) para formar um grande coro, proporcionando um espetáculo inédito à platéia estupefata que tentei captar e compartilho aqui:
http://www.wikiaves.com.br/1325358&t=s&s=11651&u=2818

A nós coube apreciar e registrar o festival - apesar dos grandes adensamentos das taquaras, que dificultavam um pouco as fotos.


A grande estrela do festival, o pixoxó


Pixoxó-fêmea alimentando-se do "arroz-de-taquara"


Pixoxó macho alimentando-se também

Pixoxó e cigarra-bambu em meio a um farto banquete

Este trepador-coleira deu um show à parte, procurando alimento em uma taquara, "no limpo"


Não consegui avistar a cigarra-verdadeira, o Brunão, grande parceiro de passarinhadas, foi o único que conseguiu visualizar e clicar esta rara ave. Logo a foto deve estar disponível no Wikiaves para apreciação de todos.

Bem, é isto pessoal, quem puder deve aproveitar o festival em Itatiaia - que já não deve demorar muito para acabar. Aproveito também para agradecer ao meu parceiro de passarinhadas, o Brunão, e ao grande Luiz Ribenboim, que tão bem nos recepcionou e guiou pelo Parque, sem falar em sua companhia super agradável. Grande abraço meu amigo e espero que em breve possamos curtir novas e excelentes passarinhadas!

terça-feira, 6 de maio de 2014

Aves do JB Parte III

Ave amigos!

Dando continuidade à série, temos novidades interessantes no Jardim Botânico.
A lista de aves registradas recebeu dois acréscimos bem legais recentemente, e eu tive o privilégio de conseguir registrá-los. Devo tais registros aos amigos do COA/RJ, pois foi por intermédio deles que fiz as fotos.

Então vamos a elas:

O primeiro foi o patinho(Platyrinchus mystaceus) que foi descoberto pelo senhor Roberto, assíduo frequentador do Jardim, observador de aves experiente, com predileção por ninhos. É difícil uma ida minha no JB em que não o encontro. Seu entusiasmo é contagiante, muito legal conhecer pessoas que comungam de nossa paixão.

E por falar nisso, o encontro com o patinho foi assim, com uma grande turma amante das aves, na passarinhada mensal que ocorre no JB, capitaneada pelo excelente ornitólogo Henrique Rajão.

Impossível conhecer todos numa só manhã, mas deu pra notar que a turma é excelente, desde crianças até experientes senhores que muito devem saber do fantástico mundo das aves.

Desta turma tão bacana, as crianças me chamaram a atenção, não só porque estavam acompanhadas de seu famoso pai, o casseta Hélio de La Peña, mas também porque me surpreendeu o interesse que elas já nutriam pelo fantástico mundo das aves. Eles começaram a me questionar sobre equipamento e começamos uma interessante conversa sobre tudo que envolve este hobby fascinante. Inclusive o Antônio, o mais novo, até me fez lembrar de quando comecei a observar aves, mais ou menos com a idade dele, dez anos. O João, de doze, já possui um belo currículo, com registros de aves raras e até uma palestra em um grande evento ele já fez. Mas o que mais me chamou a atenção foi a excelente educação de ambos, realmente duas adoráveis crianças, o Hélio está de parabéns!

Voltando ao patinho, ele não deu mole não, só tive uma chance para fotos, mesmo assim na brenha escura do JB. ISO nas alturas, aliviada do ruído e uma clareadinha no Lightroom e até que fiquei satisfeito com o resultado:



A outra novidade fiquei sabendo pela lista de discussão "Novidades da Janela", antes de mais nada um parênteses, gostaria de mais uma vez agradecer ao grande ornitólogo Fernando Pacheco que me convidou a fazer parte deste grupo, tenho aprendido muito e "ficado por dentro" das novidades ornitológicas que estão "rolando" aqui no Rio.
Muito obrigado, meu amigo!

Pois bem, soube então que um socó-boi tinha sido avistado em um pequeno lago do arboreto, no domingo fui conferir. Pelo que soube nunca haviam registrado esta espécie lá.

A primeira vez que encontrei uma ave desta espécie foi numa grande lagoa em Matozinhos/MG, e o bicho era meio arisco. Este não estava nem aí para as pessoas, uma moça até passou correndo há um metro dele e o bicho continuou sua pesca. Era um jovem, talvez procurando um território para se estabelecer, ou mesmo de passagem, só "chute" mesmo pois pouco conheço desta família.

Neste dia o pequeno lago não estava pra peixe e ele partiu, mas antes deixando-se fotografar de vários ângulos.

O socó e a corredora

Deslocando-se furtivamente

Treinando o bote


É isto amigos, a observação/fotografia de aves, além de ser uma atividade prazerosa, saudável, que contribui com o próprio conhecimento das aves, auxiliando assim para a conservação das mesmas e de seu habitat, ainda nos proporciona conhecer pessoas muito legais. Como dizem, é tudo de bão!