terça-feira, 5 de julho de 2022

Trilha dos Tucanos, o "point" quente do inverno (Parte final)

Ave!
A Trilha dos Tucanos é super bem frequentada, e não me refiro somente às aves. 
Quem é do ramo conhece muito bem o trabalho do professor e grande fotógrafo de aves Sérgio Gregório (quem ainda não conhece, não perca mais tempo: https://www.instagram.com/sergiogregoriophoto/). 
Tenho uma edição da revista Atualidades Ornitológicas, de 2013, que o apresenta, já naquela época, como um dos maiores fotógrafos do ramo do Brasil. Conhecendo-o pessoalmente pude perceber de onde vem tanta perfeição, sua dedicação e boa vontade são admiráveis. 
Ele estava trabalhando numa apresentação da técnica de multiflashes para um grupo gringo e com incrível gentileza não só me apresentou à tal técnica, como me proporcionou condições para fazer algumas fotos que curti demais (e que já foram publicadas nas primeiras partes desse relato). 
De minha parte só tenho a lhe agradecer por tudo e dizer que a minha admiração pelas fotos agora se estende à pessoa.
Fiquem agora com o resultado da mencionada técnica que, além de tudo, dá um super barato de usar.

Rabo-branco-de-garganta-rajada (Phaetornis eurynome)











Beija-flor-cinza (Aphantochroa cirrochloris















segunda-feira, 4 de julho de 2022

Trilha dos Tucanos, o "point" quente do inverno (Parte II)

 Ave amigos!

Agora vamos falar um pouco dos bichos que estão pintando nos comedouros da TT e, na sequência, uma técnica sensacional que aprendi com o Professor Sérgio Gregório. 

Pessoal, é incrível a quantidade de aves e de espécies que vão e vem, o dia inteiro, atraídas pelo banquete constantemente ofertado pelos anfitriões Marcão, Patrícia, Bia e Gabriel. O tratamento na TT é especial, não só pras aves, claro. Aproveito o ensejo para agradecê-los por toda a atenção dispensada a minha família, vocês mandaram muito bem pessoal!

Já falamos dos ramphastídeos e vocês já conheceram o simpático e confiante caxinguelê. Agora vou deixar as imagens falarem por mim. 

Fiquem com uma pequena amostra do desfile que cotidianamente podemos desfrutar no "paraíso das aves":

Benedito-de-testa-amarela (Melanerpes flavifrons) macho

"Benedita"

Pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens

As fantásticas tietingas (Cissopis leverianus) chegam sempre em bando




A TT é um dos melhores lugares para fotografar o belíssimo e esquivo tiê-de-bando (Habia rubica)


Periquito-rico (Brotogeris tirica), a espécie mais comum e que faz a festa da criançada


Tiriba-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis)



Juriti-de-testa-branca (Leptotila rufaxilla), columbídeo dos mais ariscos



Bico-de-pimenta (Saltator fuliginosus)


Sabiá-coleira (Turdus albicollis), na minha opinião um dos mais belos 

Flagrei esse tiê-de-topete (Trichothraupis melanops) eriçado


Catirumbava (Orthogonys chloricterus) e saíra-sete-cores (Tangara seledon) estão entre as espécies mais presentes nos comedouros

Guaxe (Cacicus haemorrhous), mais conhecido pelo seu famoso ninho

Sanhaço-de-encontro-azul (Thraupis cyanoptera)




O gaturamo (Euphonia violacea), comum em comedouros, é raro nos da TT

Tiê-preto (Tachyphonus coronatus), apesar de comum, não é uma presença constante nos comedouros



Em 2020, o lendário macuco apareceu bem cedo ou bem tarde, quando a luz já estava muito ruim, e não consegui fazer boas fotos. Mas desta vez o grande tinamídeo já estava bem mais a vontade. Apareceu várias vezes ao longo dos dias e, com cautela, permitia uma ótima aproximação.

Já estava felizaço de conseguir fotos boas desse fantasma de nossas florestas, quando mais uma vez a Natureza me surpreende! 


Tinamus solitarius


Não conhecia esse display do macuco! Sensacional!!!

Na intimidade do paraíso temos mais chances de fazer um flagra desses

Bicho de mata bruta, foi extinto em vários locais de sua ocorrência original, como na minha terra


E para finalizar os "fantasmas" que pintam por lá, um uru exibindo seu estiloso penacho. 
Mas antes curtam essa escalada do bando para chegar ao comedouro das aparições (muito interessante como eles preferiram escalar, mesmo com alguma dificuldade, a simplesmente voar):

Acredito que esse seja o mesmo bando que registrei na trilha da Trilha



Uru (Odontophorus capoeira)

Ainda temos os beija-flores que frequentam os bebedouros, com destaque para a fêmea do topetinho-verde.

Lophornis chalybeus

E o beija-flor-cinza (Aphantochroa cirrochloris) que domina a área

Outro beija-flor que pinta bastante é o rabo-branco-de-garganta-rajada. Mas as fotos dele feitas com a técnica compartilhada pelo Professor Sérgio Gregório ficaram imbatíveis, vocês vão ver.😉

domingo, 3 de julho de 2022

Trilha dos Tucanos, o "point" quente do inverno (Parte I)

"Papai, podemos voltar à Trilha dos Tucanos?" 

Meu filhote é de poucas palavras. Sereno e tranquilo, não sei quem "puxou". Até então não sabia que ele tinha gostado tanto daquela experiência única que só a Trilha dos Tucanos (TT) pode proporcionar, pelo menos aqui no Brasil. 

"Claro, filhote! Com o maior prazer!" E não foi uma força de expressão...

A TT é a casa das aves e de seus observadores, é um lugar que congrega a todos nós, emplumados e humanos, numa comunhão que lembra a visão bíblica do paraíso. Não à toa sua placa de boas vindas prega: "paraíso das aves".

E não é exagero! Anos de paciente trabalho de aproximação ganhou a confiança de gerações de aves que durante o inverno, quando o alimento escasseia na mata, se fartam de bananas, sementes e grãos, não só nos comedouros, como até mesmo nas mãos de crianças e marmanjos (que voltam a ser crianças, perante o inusitado). É como se aquela inocência perdida com a dita expulsão do paraíso voltasse a reinar.







Agradecimentos ao grande Sérgio Gregório por toda incrível gentileza e companheirismo

No meu caso já é a terceira vez que visito aquele recanto mágico encrustado no maior continuum existente da ameaçada Mata Atlântica. E como quem é do ramo já sabe, tudo muda o tempo todo no mundo natural. Nenhum dia é igual ao outro. E esse é um dos grandes baratos da nossa atividade: a imprevisibilidade, conjugada com o grande espectro de possibilidades.

Foi com grande espanto que nos deparamos com esse veado (Mazama sp.) nos primeiros momentos do dia (além das aves podemos ver mamíferos como antas, mãos-peladas etc).

Outros já não são tão inesperados, mas também não "batem cartão" nos comedouros como tucanos, pica-paus, saíras, periquitos etc. 

É o caso dessa jovem "matracona" que tem dado o ar da graça (agradeço novamente o grande Sérgio Gregório por me avisar sobre a presença desse bicho fantástico). Em quatro dias ela pintou uma vez. 

Batara cinerea


Sou muito fã desse bicho

Outro bicho que sou fã e que também tem "dado mole" no paraíso das aves é a juruva (Baryphthengus ruficapillus). Ela pintou duas vezes, sempre pousando em postes na chegada da TT:



Agora vocês podem estar se perguntando, porque os tucanos deram nome à trilha? 

Também não sei, mas com certeza foi uma boa escolha! Os membros dessa família chamam muito atenção, seja pela beleza, pela forte vocalização, pelo grande porte, enfim, suas presenças são marcantes.

Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus)






Araçari-banana (Pteroglossus bailloni)








Outro membro fantástico da família que pode ser encontrado se alimentando nas juçaras que rodeiam os aposentos da TT é o araçari-poca (Selenidera maculirostris). 

Dessa vez, no primeiro dia um casal pintou na área, mas sem chance para boas fotos, diferentemente das primeiras vezes que tive a oportunidade de estar naquele paraíso.

 Lembram da inconstância da Natureza? Na primeira vez que estive na TT o poca desceu no comedouro no nosso último dia, quando estávamos de partida, já na segunda vez, ele não mais frequentava os comedouros, mas pintou numa juçara que oferecia ótimas condições para foto.

Poca no comedouro, julho/16

Poca na juçara, julho/2020


Além dos tucanos, que dão nome à Trilha, é claro que não poderia faltar a trilha propriamente dita.

E até nas trilhas que adentram a imponente e maravilhosa floresta atlântica, aves super ariscas podem ser flagradas com alguma tranquilidade. 

Foi fantástico descobrir (?) que esses fantasminhas chamados urus (Odontophorus capoeira) forrageiam ciscando como galinhas.

A sensação de flagrar uma cena dessas é indescritível

A TT é completa nesse sentido, temos as excelentes condições que comedouros bem frequentados proporcionam e trilhas onde podemos experienciar uma comunhão plena com a Natureza. 

Se "religião" significa se religar a Deus, a TT é um lugar sagrado onde nos curvamos perante a perfeição.