domingo, 9 de novembro de 2014

Cristalino, um paraíso amazônico Parte final


Passarinhar é bão demais!!! Embarcado então? É minha modalidade preferida!

O Cristalino Eco Lodge oferece excelentes passeios pelos rios Cristalino e Teles Pires para observação/fotografia da fauna amazônica.

Rio Cristalino, amanhecendo



Na beira do rio, entre mato

O pavãozinho-do-pará vira pavão quando voa



Socó-boi, beleza excêntrica




Garça-da-mata, a mais fantástica de nossas garças




Como diz o confrade ecoaviano Tavinho Moura, o "verdejante" coró-coró




A picaparra tem pé de pato pintado

O Socoí-zigue-zague, o arapapá e o martim-pescador-da-mata também foram fotografados pelos colegas e há uma semana antes de nossa chegada uma harpia foi vista pousada nas margens do rio Cristalino.


E para finalizar, a única espécie de nossa fauna que foi domesticada e hoje povoa sítios e fazendas.
Abundante no rio Cristalino, o pato-do-mato, o selvagem.

Pato-do-mato n'água


Casal em voo no rio Cristalino



A vida fica mais leve sobre as águas do Cristalino





Sobre nosso maior bem, origem da vida, termina nossa aventura.

Deixamos as águas do Teles Pires, onde o Jorge e o Olivier, nossos valorosos guias, se despediram. E entramos no ônibus com uma certeza, o Cristalino é um paraíso irresistível.
Então, até qualquer dia!

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Cristalino, um paraíso amazônico Parte V


No capítulo anterior, alguém poderia achar que fui contraditório, ao falar sobre fotografia de aves em trilhas.

Mas o Cristalino Eco Lodge disponibiliza trilhas que fogem um pouco à regra amazônica.
Devido à variedade de ambientes(o que também favorece a grande biodiversidade local), podemos encontrar trilhas mais abertas nos 12000 hectares da RPPN.

O "Limão" é um desses lugares(já falamos dele na terceira parte deste relato), tem também a ilha dos bacuraus e a ilha do anambé-preto, mas sem dúvida a trilha que se destaca neste aspecto é a da Serra.

À medida que subimos a "serra"(há um certo exagero, morro seria mais condizente com a modesta elevação) a vegetação se torna mais esparsa, com afloramentos rochosos e árvores de menor porte se comparadas às gigantes da "planície".

Não falta luz, nem passarinhos.
Mas na altura dos olhos como nas torres... muito difícil, só o macuru-de-testa-branca "deu esse mole". 
Aliás, o destaque desta trilha são os curiosos representantes da família dos buconídeos, que, diga-se de passagem, sou fã.


Casal de macurus-de-testa-branca
Graças ao terreno acidentado, ficou à altura dos olhos


E embora as árvores fossem relativamente menores, ainda assim eram altas; o Bruno até fez uma feliz analogia, comparando a vegetação no alto da serra com a da Mata Atlântica, porém, acrescento, sem as epífitas que dão o charme a esta última.
E os buconídeos daquela região são "de copa', então as fotos acabam deixando a desejar... A desejar uma torre ali também.



Rapazinho-estriado-do-leste, a distância impediu um registro à altura de sua excêntrica beleza


Mas a grande atração desta trilha foi o raro rapazinho-carijó.
Particularmente só soube da nobreza do rapaz quando nosso guia neste dia, o canadense Olivier, virou brasileiro.

Explico: encontrei um buconídeo numa árvore seca praticamente acima de nossas cabeças, então pedi para o Olivier que o identificasse pra gente.
Quando o até então comedido guia identificou o bicho... vocês precisavam ver a euforia que tomou conta dele! Chamei os companheiros que ficaram um pouco para trás: "Pessoal, encontrei um bicho que deve ser f.! Precisam ver como o Olivier tá alterado!" Não tem como não rir relembrando este momento.

Eu e o Bruno nos embrenhamos no que parecia ser uma plantação de abacaxi(é meus caros, é a tal da biodiversidade amazônica). Ignoramos os espinhos em busca do melhor ângulo, e o resultado acabou ficando satisfatório:



Rapazinho-carijó, uma das aves favoritas do Oliveira

Mas o show nesta trilha não ficou só por conta dos buconídeos.

Teve mobbing: suiriri nervoso com o benedito.

Já flagrei suiriri atacando bilro, não sei o que eles têm contra pica-paus

E uma família de maitacas:

No momento em que um da família entrava no ninho
Assim mesmo, de ré


Mais abaixo, o Otacílio flagrou esta saída de emergência 



Nosso grupo no mirante da serra, na esperança de encontrar algum rapinante
Mas neste local só registramos os macurus e um anambé-de-coroa muito longe
Foto: Otacílio Tiago

 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Cristalino, um paraíso amazônico Parte IV


Ave amigos!

A partir de agora vamos falar das três principais opções oferecidas pelo Cristalino Eco Lodge para fotografar as aves da Amazônia: as torres de observação, as trilhas e os passeios de barco.


Cristalino Eco Lodge, eleito pela National Geographic um dos melhores hotéis de selva do mundo
Foto: Otacílio Tiago

A floresta amazônica é caracterizada pelo grande porte das árvores - as emergentes alcançam mais de 50 metros de altura - e por ser estratificada. 
Ao fato dos bichos de sub-bosque serem muito ariscos, soma-se a pouquíssima quantidade de luz que os estratos superiores permitem passar, o que torna a fotografia no chão da floresta uma tarefa árdua.
E tente fotografar um passarinho pousado no 13º andar de um edifício, no contraluz! Se acha moleza, então coloque um monte de galhos, folhas e cipós na frente.
Meu amigo... impossível fazer outro tipo de foto que não seja no estilo "lifer é lifer".

A solução que os hotéis voltados para o birdwatching acharam para tantas dificuldades foi a construção de torres de observação.
Tais torres alcançam a copa das árvores, onde justamente vive a grande maioria das espécies amazônicas e onde há luz em abundância. Enfim, o lugar onde todo fotógrafo de aves sonha estar.

A torre de observação é uma ponte para um mundo de possibilidades
Foto: Otacílio Tiago


As aves "de copa" parecem não se importar muito com nossa presença, talvez não nos reconheçam como predadores(pelo menos quando estamos lá em cima). 
Com um pouco de sorte, algum dos extraordinários habitantes deste mundo até então inacessível pode dar o ar da graça.


Capitão-de-cinta, uma especialidade do Cristalino


Eis a magia das torres de observação na Amazônia, elevar-nos a um novo e distante mundo, ainda pouco explorado e imenso, onde nossa presença passa quase imperceptível.

Um mundo repleto de paz, onde o cricrió domina a paisagem sonora, somente subjugado, de tempos em tempos, por casais de araras em seu colorido voo.

Um mundo em total equilíbrio, onde incessantes e grandes quantidades de umidade e calor fizeram aflorar uma das mais ricas biodiversidades do planeta.

Variedade impressionante e inesperada, que chega a entorpecer nossos sentidos.

E como faz bem pr'alma...

Anambé-azul, psicodélico
Foto: Daniel Esser



Beija-flor-tesoura-verde, 220 volts




Cujubi, a jacutinga amazônica






Arara-vermelha-grande, sempre uma presença marcante





A maitaca-de-cabeça-azul parecia bocejar



Anambé-pombo


Chora-chuva-de-cara-branca




"Quando a chuva é uma aliada" foi o título de um post do grande Alessandro Abdala que nos guiou - eu e meu querido tio Maninho Camarão - na serra da Canastra. 
Realmente conseguimos aproximações que se não tivesse chovendo provavelmente não conseguiríamos.

E nesta viagem não foi diferente.
A chuva, que parecia ter hora marcada, trouxe noites agradáveis, apesar dos dias muito quentes, e revoadas de proteína que transformaram o dossel numa grande festa, com direito a show de uma das maiores estrelas desta viagem, o araçari-mulato.

Várias espécies se banquetearam com cupins alados que emergiam das árvores
Mas o araçari-mulato era presença quase constante 

A hora do bote

O gavião-sauveiro também marcou presença no banquete


As trilhas e os passeios de barco são excelentes opções, como vocês poderão conferir nos próximos capítulos, mas as duas torres de observação do Cristalino podem propiciar experiências únicas, como o espetáculo do alvorecer na maior floresta tropical do mundo.

A 50 metros de altura, o último patamar das torres é ideal para fotos panorâmicas e elevação espiritual



domingo, 2 de novembro de 2014

Cristalino, um paraíso amazônico Parte III

Primeira manhã no Cristalino, quatro e meia da madruga, de pé, eu e o grande Otacílio, felizes da vida(já tive que acordar esta hora para trabalhar, quanta diferença...).

O grupo se dividiu em dois, como previsto. As opções para o primeiro dia eram uma das duas torres de observação - realmente o carro chefe do Cristalino - e a trilha do uirapuru.
A maioria preferiu ir para a torre, somente eu, o Otacílio e o Bruno preferimos ir à caça do mundialmente famoso uirapuru.
Tivemos a sorte de sermos guiados pelo Jorge, um craque local.
Pronto, estava formada uma equipe que bateu um bolão!

Eu, Olivier(nosso guia neste dia), Bruno e Otacílio, na trilha da Serra
Foto: Otacílio Tiago


O Bruno, sem exagero, é a educação em pessoa. Sempre muito gentil, a todo momento se colocava à disposição para ajudar. Nobre amigo, você é ímpar!
O Otacílio, confrade ecoaviano, parceirão, nunca deixava a peteca cair.
Bem-humorado, paciente, um grande amigo e excelente companheiro de passarinhadas.
Muito obrigado Otacílio, por aceitar o convite para esta viagem.

Há mais de 10 anos fazendo um minucioso levantamento das aves da região e com os dons que um excelente guia deve ter, Jorge Lopes, o "cara" do Cristalino, foi fundamental na difícil tarefa de encontrar e possibilitar boas fotos das aves amazônicas.
Valeu Jorge! Mais uma vez lhe agradeço!

Jorge em ação


Pegamos o barco e seguimos para uma clareira conhecida como "Limão".
No nosso aguardado primeiro dia de passarinhada uma densa névoa cobria a região, e como o uirapuru vive no chão da floresta amazônica, que já é naturalmente escura devido aos vários extratos que a compõem, esperamos por lá a névoa se dissipar.

Aos registros cítricos:

Ferreirinho-estriado



Sanhaçu-da-amazônia



Urubuzinho



Araçari-miudinho-de-bico-riscado


Amarelinho


Show do curió

Após o encontro com várias espécies legais no "Limão", a névoa se dissipou, o sol saiu e então pegamos novamente o barco rumo à trilha do uirapuru.

O uirapuru-verdadeiro é um pequeno pássaro "primo" da nossa garrincha(ou corruíra), que só canta em determinada época do ano. Seu melodioso canto é aflautado, uma das maravilhas amazônicas. Vive próximo ao chão escuro da floresta, na "tranqueira", o que dificulta sua visualização.
Todas estas características e algumas lendas o tornaram uma espécie emblemática.

O uirapuru é um bicho muito territorialista, então a técnica de atração por playback é bastante eficaz.
O Jorge já tem até o palco de exibição, um cipó que envolve uma grande árvore, e que parece ser o lugar mais "limpo" que ele se expõe.

Escutá-lo e fotografá-lo, sem dúvida, foi um dos momentos inesquecíveis desta viagem.

O lendário uirapuru

sábado, 1 de novembro de 2014

Cristalino, um paraíso amazônico Parte II


Após a "pancada" de chuva, pegamos os barcos e subimos o Teles Pires. Logo adentramos o Cristalino, e sempre com mata cobrindo toda visão.





A sensação de estar em um ambiente natural,  livre de qualquer intervenção humana, faz bem demais pro meu espírito. Como se sai leve de uma imersão dessas...

Pelo caminho de águas abundantes e límpidas, passamos já passarinhando, e nada escapava da aguçada visão do nosso guia, o excelente Jorge Lopes.
Quem primeiro deu as caras foi a fotogênica biguatinga.
Abundancia de tranquilidade, rendeu ótimas fotos.
Na que se segue gostei tanto do resultado que dispensei qualquer tipo de tratamento.

Biguatinga(Anhinga anhinga)


Outra presença constante, a andorinha-do-rio, uma das mais belas na minha opinião.

Andorinha-do-rio(Tachycineta albiventer)  


Pato-do-mato(Cairina moschata), outro habitante comum do rio Cristalino


O rio é o habitat de inúmeras formas de vida



Nossa recepção não poderia ter sido melhor.

Após desembarcarmos no já citado deck, a mata ainda nos cercava e uma trilha mostrava o caminho.
 Rápidos metros, chegamos numa clareira onde um conjunto de construções em madeira, unidas por passarelas suspensas, cercada de belos jardins, harmonizava com a imponente mata ao redor.
Novinho em folha e de muito bom gosto, o hotel é um capricho.

Fomos recebidos pela própria Vitória da Riva, proprietária do hotel, que nos reuniu para um briefing, enquanto champagne e coquetéis de boas-vindas eram servidos.

O Cristalino Eco Lodge foi recentemente premiado pela National Geographic Travelers como um dos melhores do mundo em sua categoria. Tudo foi pensado para se ter o menor impacto ambiental possível.

Em seguida foi a vez da aula do professor João Quental. E com sua experiência, não poderia ter sido melhor. Foi pragmático, direto, passando o que precisávamos ouvir(o que depois de um dia cansativo de viagem foi muito sensato).
Apontou-nos as dificuldades de fotografar a vida selvagem na Amazônia e o que poderia ser feito para que tivéssemos êxito na nada fácil empreitada. Além de colocar-se à disposição nas saídas para dirimir dúvidas ou auxiliar em possíveis dificuldades.
Este foi o segundo Workshop que faço com o Quental. E, com mais certeza, recomendo a todos!

Na mesma noite, a Vitória nos convidou para uma palestra.
Contou-nos como foi difícil seu começo e como desenvolve um trabalho exemplar de preservação e conscientização ambiental na região.
O pioneirismo na preservação, numa época que ainda nem se falava sobre isto e que preservação era sinônimo de atraso econômico, faz desta jovem senhora uma verdadeira heroína, digna de aplausos e de nossa admiração.
Parabéns Vitória! Continue fazendo a diferença!