Ave amigos!
Hail friends!
Surpreendeu-me a quantidade de aves e a raridade de espécies que só encontrei lá, apesar de já ter visitado várias outras matas na minha querida cidade, Rio Piracicaba/MG. Aliás, mesmo em matas muito maiores que já visitei, não encontrei tantas maravilhas.
A título de exemplo posso citar algumas espécies fantásticas, seja pela beleza, seja pela raridade, já registradas:
Tapaculo-pintado (Psilorhamphus guttatus) - que inclusive estava vocalizando nesta minha última visita(em abril nem playback respondia)
Macuquinho (Eleoscytalopus indigoticus) - encontrei um indivíduo vocalizando desta vez
Falcão-relógio(Micrastus semitorquatus)
Gavião-pega-macaco(Spizaetus tyrannus)
Curió(Sporophila angolensis)
Azulão(Cyanoloxia brissonii)
Choquinha-de-dorso-vermelho (Drymophila ochropyga)
Formigueiro-assobiador(Myrmoderus loricatus)
Surucuá-variado(Trogon surrucura)
Bem, no último final de semana estive na minha cidade natal, para comemorar mais uma primavera, a 85ª, da minha querida vó, D. Naná - e parece que a estação das aves começou mais cedo por lá também.
A Floresta estava especialmente cheia de vida. Cantos, pulos e voos pra tudo quanto é lado.
A surpresa desta vez foi o registro do maior cotingídeo brasileiro, o Pavó(Pyroderus scutatus), espécie considerada rara.
Conforme dicionário do Wikiaves, uma espécie é considerada rara quando "mesmo em seu habitat de ocorrência, é pouco comum de ser avistada. Ave cujas condições de sobrevivência ou reprodução exigem de tal forma do ambiente ou demais fatores que torna a sua ocorrência pouco abundante em relação a outras espécies"*.
Apesar de tê-lo encontrado há exatamente um ano atrás, na excursão da Ecoavis, o sentimento que ficou era de que aquele pavó só estava de passagem. Mas este novo avistamento dá a esperança de que o pavó realmente é mais um dos fantásticos habitantes da Floresta Encantada.
Por frequentar normalmente o topo das árvores, e pela posição que o registrei, infelizmente não consegui fazer um registro à altura da beleza desta ave.
Estava num eucaliptal, na borda da mata |
Outro lifer desta passarinhada foi a guaracava-cinzenta(Myiopagis caniceps), que apesar de constar na literatura que também habita a copa das árvores, estava na altura dos olhos.
Como sempre, estava acompanhado do meu querido tio Maninho Camarão, o Timá, e ele sempre falava em encontrar na nossa cidade uma de suas espécies favoritas, a águia-chilena(Geranoaetus melanoleucus).
Sempre dizia, “João, vi um bicho bruto voando bem alto, sei
não... mas acho que era a chilena!”
Apesar da esperança, faltava aquele registro documentado,
para não deixar dúvidas, né Timá?
Vale o parênteses:
Quando ainda nem fotografava(era observador de aves de
rapina) tive a satisfação de observar a magnífica águia-chilena no Morro
Agudo(e que por coincidência é o lugar onde D. Naná nasceu).
O Morro Agudo(que era agudo porque era de ferro e por causa
disto não é mais morro) fica muito próximo da Floresta Encantada, e esta fica
aos pés da serra do Seara, então realmente não era improvável um encontro com a
águia-chilena, que sabidamente está associada a formações montanhosas(inclusive
faz seus ninhos em penhascos).
Comecei a observar aves de rapina ainda criança e naquela
época não havia internet, então os raríssimos livros que falavam de nossa
avifauna possuíam um conteúdo praticamente mítico, e aquelas poucas informações que tive
durante décadas influenciaram-me fortemente.
O segundo livro que tratava exclusivamente sobre aves que
tive foi o excelente “Aves Silvestres de Minas Gerais”, do ornitólogo mineiro
Marco Antônio de Andrade. O final do texto sobre a harpia nunca vou esquecer, é
mais ou menos assim “mas um atento e persistente observador ainda poderá ter a
satisfação de observar uma magnífica harpia voando sobre alguma floresta
primitiva que ainda resta em Minas Gerais”. Precisa dizer qual o meu maior
sonho? rs
Então, sempre atento, qualquer ave que passa voando muito
alto, não deixo de registrar e a persistência, de vez em quando, me presenteia
com registros bem legais. Foi assim mês passado no Jardim Botânico com o
caracoleiro(Chondrohierax uncinatus) – espécie incomum e fantástica de gavião - e este final de semana com a
águia-chilena, primeiro registro documentado para Rio Piracicaba/MG.
Foi assim: "Brother(mais um apelido do meu tio), tem um bicho bruto voando lá no alto!" Ao mesmo tempo que falava, o procurava com a lente. Quando consegui focar, a reação foi imediata, "é a chilena!!!"
Bem, quem é birder entende o que sentimos.
Com quase dois metros de envergadura, a águia-chilena é um bicho bruto! |
Alguns outros registros na Floresta Encantada:
Trepador-coleira no taquaruçu |
Barbudo-rajado na tranqueira |
Saíra-viúva no limpo |
Cena rara: papa-taoca-do-sul fora da tranqueira(seguindo formigas-de-correição) |
Picapauzinho-de-testa-pintada no contra luz |
Bem amigos, antes de finalizar queria dedicar este lifer tão festejado ao meu querido tio Maninho Camarão, o Brother, que encontrou o pavó, e deixar a mensagem abaixo(foto: sagui-de-cara-branca, fotografado na Floresta Encantada).
Observar a natureza é um exercício de autoconhecimento |
Que lugar fantástico, João.
ResponderExcluirFotos maravilhosas, mas a saíra-viúva se destaca.
Abraço.
Muito obrigado meu amigo!
ExcluirMeu amigo João Sérgio, esse local é realmente encantado e você descreve muito bem esse encanto para nós, leitores do seu blog.
ResponderExcluirParabéns pelas lindas fotos e espécies que você nos apresenta.
Grande abraço.
Obrigado José, aliás temos que marcar um dia para vc conhecer e tb se encantar com aquela Floresta.hehe
ExcluirJoão, preciso conhecer esse lugar urgentemente. Maldita agenda lota de de compromisso! Lindas fotos meu amigo, lindas.
ResponderExcluirEduardo, vamos marcar o mais breve possível, ok?
ExcluirObrigado!
Fotos maravilhosas essa papa taoca do sul no limpo, a saira viuva com as cores perfeitas. Simplesmente fantático João.
ResponderExcluirMuito obrigado, Paulo!
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