Já há um bom tempo o soldadinho-do-araripe(Antilophia bokermanni) estava em meus planos, uma das espécies mais ameaçadas e belas do nosso Brasilzão. Felizmente acabei ganhando uma viagem do meu tio e compadre Tigó para fotografá-lo. Então só posso dedicar todos os lifers desta viagem a ele(desculpe Tigó, com exceção do piu-piu, você vai entender rs), por sua generosidade pura, sem vaidade, desinteressada, com o único propósito de fazer o bem. Sempre foi assim, com todos, e especialmente com seus bem aventurados "filhos adotivos".
Claro que não teria sucesso sem meu mais novo amigo, o grande guia local Jefferson Bob, e para não me estender muito, deixarei as fotos como testemunho da recomendação.
O pacote do Bob é perfeito para quem quiser, além do soldadinho, fotografar outros endemismos da Caatinga. São 3 dias de muito passarinhada, do jeito que a gente gosta.
Bem, às aves!
Como nada é perfeito, o voo que chega em Juazeiro do Norte/CE, aeroporto do sertão do Cariri, nosso destino, é de madrugada. Cheguei às 3 da matina! Sorte de quem consegue dormir no avião, aparentemente todo mundo menos eu que mal caibo naquelas poltronas.
Mas a adrenalina do primeiro dia nos deixa confortavelmente prontos para o que der e vier, porém, sabiamente, nossa estreia na Chapada do Araripe é no território do seu protetor, o soldadinho-do-araripe, que fica dentro de um parque onde o acesso é muito tranquilo mesmo.
É um tesouro guardando outro, já que a Chapada tem várias nascentes(coisa rara na Caatinga) e a presença da ameaçadíssima ave criou um projeto de preservação de toda a área que ela ocorre, a vertente norte que cobre os municípios de Crato, Missão Nova e Barbalha.
O parque fica neste último município e o grande lance é que neste local, livre de caçadores, o soldadinho não vê mais o homem como uma ameaça. As fêmeas costumam fazer o ninho do lado da pequena trilha, sobre um estreito curso d´água, e é só ficar por ali que o dono do pedaço, o soldadinho macho, sempre passa fazendo sua vistoria de rotina, pois é assim e com seu forte canto que ele guarda seu território de intrusos. Nessa trilha há dois territórios, onde fêmeas e jovens podem ser vistos, além dos dois machos adultos, que atraem observadores e fotógrafos do mundo todo.
Apesar da colaboração, a luz ambiente não é das melhores para fotos |
Vocalizando |
Reparem o branco e vermelho surgindo neste jovem |
Esta fêmea estava do lado do curso d'água, notem o reflexo na sua barriga |
A fêmea acima provavelmente estava procurando um local para o futuro ninho. Como costuma acontecer na reprodução de algumas espécies, a fêmea, discreta, é que faz todo o trabalho, desde construir o ninho até alimentar a prole, já que o macho, espalhafatoso, chamaria muita atenção dos predadores.
Que aliás não faltam. Enquanto fotografávamos o soldadinho, um gavião-pedrês começou a vocalizar nos arredores.
Buteo nitidus |
Outro lifer que também pintou, apesar de distante, foi o pica-pau-anão-canela, endemismo quase ameaçado do Nordeste brasileiro.
Picumnus fulvescens |
Bão demais, ó xente! E ainda tem muito mais...
Belo relato e fotos maravilhosas dessa não menos maravilhosa espécie.
ResponderExcluirIncrível a metamorfose das penas pardas esverdeadas e que no futuro ficarão branquinhas e com aquele vermelho lindíssimo na cabeça. Parabéns João Souza, deve ser uma emoção impar fotografar essa ave.
Grande abraço e obrigado por compartilhar.
Obrigado meu amigo, realmente é imperdível, recomendo muito!
ExcluirParabéns, João! Viagem de sonhos, preciosas espécies!
ResponderExcluirObrigado grande Álvaro!
ExcluirFraterno abraço!
A vida também é feita de sonhos e é tornando-os realidade é que atraímos a felicidade para perto. Parabéns por mais este sonho realizado. Tenha outros em mente. Há espaço de sobra para a felicidade se acercar de nós. Abs
ResponderExcluirÉ isso aí Brunão! Mandou bem!
ExcluirAbração!