segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Manaus, o retorno Parte III

Os rios são a alma da Amazônia, maior fonte de vida, inspiração, integração e ao mesmo tempo separação. Isso mesmo, separação, pois os grandes rios amazônicos são barreiras geográficas intransponíveis para diversas espécies florestais, formando centros de endemismos. É como se fossem ilhas, cada uma com fauna característica.

Portanto, se quisermos aumentarmos nossa lista de lifers, devemos transpor tais barreiras e explorarmos novos centros de endemismo, novas comunidades ornitológicas.

No dia anterior exploramos o interflúvio Solimões-Negro, para tanto utilizamos a nova e belíssima ponte sobre o rio Negro, que liga Manaus a Iranduba. Mas para transpor o Solimões e acessar um novo centro de endemismo, só de barca. O legal é que passamos por uma das principais atrações turísticas de Manaus, o encontro das águas, local de grande beleza cênica onde os principais rios amazônicos se encontram. O rio Solimões, cor de barro e o Negro, com suas águas escuras, seguem lado a lado, sem se misturar, por quilômetros, formando o recordista Amazonas.


Feita a travessia de balsa, logo após transpormos a cidade de Careiro da Várzea, nos deparamos com um bando de curica-verde, melhorando, e muito, meu registro do dia anterior.

Graydidascalus brachyurus

Ainda com as curicas, avistei a primeira das seis, isso mesmo, seis águias-pescadoras do dia! Até então meus dois encontros com essa extraordinária águia foram tão inusitados quanto distantes, o primeiro na serra do Curral em BH e o segundo na minha casa aqui no Rio. Dessa vez também passou distante, batendo suas longas asas.

Então seguimos e paramos numa outra área de várzea, à beira da rodovia que inicia a Transamazônica, ponto de alguns lifers que o Luiz já conhecia e que não nos decepcionaram:

Todirostrum chrysocrotaphum


Galbula tombacea


Attila cinnamomeus (casal)


Outro lifer que pintou (vou me restringir aos lifers para não me delongar muito):

Piculus leucolaemus


Então seguimos.

Precisamos viajar por 100 quilômetros para conseguir acessar uma mata de terra firme e - o que torna a cena ainda mais lamentável - toda aquela área destruída é improdutiva! Nenhuma plantação, nenhuma criação. Como precisamos de bons administradores públicos...

Gigante sobrevivente


No caminho encontramos uma jovem garça-real que talvez ainda não tenha aprendido a temer o homem e que me proporcionou um dos registros que mais gostei desta viagem:

Pilherodius pileatus

Continuamos viagem seguindo a máxima rushniana "we only stop for the best".

O Luiz, sabendo do meu grande desejo em encontrar uma águia-pescadora, preveniu-me que havia um local que costumava observar uma.

E não é que a bicha tava lá?! E no local mais próximo à estrada possível! Um dos momentos mais extasiantes da viagem! De arrepiar!!!

Pandion haliaetus

Mas antes disso o Luiz já havia dito que se não encontrássemos a águia-pescadora hoje em boas condições para foto, no dia seguinte teríamos boas chances também. "Show must go on"!

Na terra firme fizemos bons lifers, quase todos com fotos de lifer (traduzindo, fotos só para registro de uma espécie nova, independente da qualidade), alguns exemplos:

Conopias parvus

Myrmotherula brachyura

Mas um em especial colaborou, um bichim bunitim dimais da conta, o cantador-sinaleiro:

Hypocnemis peruviana

Na volta ainda encontramos mais dois lifers, a polícia-inglesa-do-norte e o caneleiro-cinzento, além de outra águia-pescadora pousada, mas a luz e a distância não possibilitaram boas fotos.

Sturnella militaris

Pachyramphus rufus


E assim fechamos nosso penúltimo dia de viagem, exaustos e felizes.

Na balsa, eu, a adorável Sica e o grande Tavinho
Foto: Luiz Fernando


7 comentários:

  1. Suas fotos são lindas demais!!Parabéns!!!

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  2. Ê, João, fico imaginando você é essa águia-pescadora pousada e se sacudindo...
    Tavinho e Sica, dois companheiraços.
    Que vontade de estar aí, junto concês.

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