Muita destruição, é certo. As unidades de conservação existentes no norte de Minas são uma esperança de preservação. Ameaças são constantes, incêndios, caçadores, desmatamento ilegal. Infelizmente a maioria dos parques de lá são de papel, sem infraestrutura básica ficam à mercê dessas ameaças.
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu pode-se dizer que é uma feliz exceção. Só se entra no Parque com guias locais credenciados. As pinturas rupestres datadas de mais de 10 mil anos merecem cuidado extra. São talvez a principal atração do Parque, junto, é claro, das cavernas que dão nome ao mesmo.
Tirando os bichos, alguém entende esses desenhos?! |
Estradas bem conservadas, acessos bem cuidados, natureza protegida, além das melhorias que já estão a caminho. O Cavernas do Peruaçu está de parabéns!
Wagner, eu e o grande Ademir, guia do Parque |
As chuvas enchiam a Mata Seca de vida. O verde brotava tenro em todo canto, contrastando com o pitoresco cenário rupestre.
O belíssimo sofrê curtia a chuva |
Se o sofrê fica até mais bonito molhado, não podemos dizer o mesmo do bico-virado-da-caatinga |
Não era só o verde que brotava, todas formas de vida brotavam em todo canto, depois da latência provocada pela seca.
A cada passo pulavam micro-sapinhos |
Enyalius pictus |
Megalobulimus sp |
A revoada de cupins fez a festa da bicharada |
Mas com certeza outra grande potencialidade do parque, claro, é a avifauna. A Caatinga e a Mata Seca formam um belo mosaico onde podemos encontrar várias espécies conhecidas e até futuras novas espécies, como por exemplo o caso do já citado asa-de-sabre-da-mata-seca.
O ameaçado arapaçu-do-nordeste, típico habitante da Mata Seca, é uma das primeiras estrelas do Parque que encontramos.
Esse deu muito show! |
O Wagner sempre me disse que o raro e belo gavião-de-penacho era relativamente comum na Mata Seca. Ouvimos mais de uma vez o grande Spizaetus ornatus e na primeira delas usamos o playback para registrá-lo.
A refeição foi boa |
Então fica a dica heim?! Creio que este seja o melhor lugar para encontrar essa espécie fora das condições de um ninho. O Wagner afirmou que todas as vezes que esteve lá, viu o bicho.
Outro bicho legal que apareceu bem também foi o chupa-dente.
A quantidade incrível de lagartas deve ter atraído essa nova espécie (referência: Wikiaves) para o Parque:
Papa-lagarta-de-euler |
O negócio é não chegar de bico vazio |
Outra ave que muito me chamou a atenção foi o sabiá-coleira de lá, bem diferente do da Mata Atlântica, mas não menos bonito!
Chegamos no paredão onde se localizava a maior quantidade de pinturas rupestres abertas à visitação, no final da trilha do Desenho.
Viajávamos no tempo, alheio aos habitantes atuais daquele lugar mágico, até que o Wagner me chama a atenção para um deles que estava ali na área, tranquilaço, apesar dos intrusos.
Essa foi a primeira cena que vi do mocó, não tava nem aí pra gente |
E com toda tranquilidade do mundo, foi até seu posto para mostrar quem era o dono do pedaço.
O rei mocó! |
Fomos a um mirante muito top, para nos despedirmos da Mata Seca. De lá podíamos ver o Velho Chico e a degradação da Mata Seca de baixada que outrora protegia o rio da integração nacional. Estávamos nos limites do PARNA, e mais uma vez o Wagner me proporcionou uma condição excepcional para registrar outro arapaçu ameaçado que ocorre na Mata Seca, o arapaçu-de-wagler.
E com essa vista, nos despedimos do grande sertão mineiro com a certeza de que um dia voltaremos |
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