Viajar para uma região desconhecida significa, pra bom entendedor, conhecer aves desconhecidas.
Esse é um dos grandes baratos do birdwatching: o novo, o imprevisível. Boa saída ao "mesmicismo" dominante.
À medida que submergimos nesse novo mundo, o "espírito caçador" vem à tona, enquanto os problemas vão ficando para trás.
É como se realizássemos uma meditação realmente transcendental, cujo foco são as aves, a Natureza.
Para nós, transcendência; para o mundo, imagens que revelam a beleza e a diversidade muitas vezes ignoradas, conhecimento do que temos a perder se não preservarmos o pouco que nos resta.
Além da jaritataca, que não conseguimos fotografar, os graxains do seu Fernando, dono da pousada referência para birders em Urupema, a Rio dos Touros, deram show.
Esse é um dos grandes baratos do birdwatching: o novo, o imprevisível. Boa saída ao "mesmicismo" dominante.
À medida que submergimos nesse novo mundo, o "espírito caçador" vem à tona, enquanto os problemas vão ficando para trás.
Borralhara-assobiadora (Mackenziaena leachii) |
É como se realizássemos uma meditação realmente transcendental, cujo foco são as aves, a Natureza.
Sanhaçu-de-fogo (Piranga flava) |
Fêmea |
Para nós, transcendência; para o mundo, imagens que revelam a beleza e a diversidade muitas vezes ignoradas, conhecimento do que temos a perder se não preservarmos o pouco que nos resta.
Raposa-do-campo (Lycalopex gymnocercus), com um pouco de sorte, entre uma ave e outra, encontramos mamíferos |
Além da jaritataca, que não conseguimos fotografar, os graxains do seu Fernando, dono da pousada referência para birders em Urupema, a Rio dos Touros, deram show.
Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), conhecido localmente como graxaim, convidado especial da Eco Pousada Rio dos Touros |
A cada viagem os conhecimentos adquiridos vão se entrelaçando com os novos, aumentando, progressivamente, nossa admiração, a capacidade mesmo de meditar, ante a perfeição e a inteligência da Natureza.
Papagaio-charão (Amazona pretrei) |
Forma-se então um círculo virtuoso. Saudável dependência de contato íntimo com a Natureza, cujos benefícios já foram comprovados por cientistas japoneses.
"Banho de floresta", assim batizaram a miraculosa imersão.
Mata nebulosa da serra catarinense (foto Bruno Dinucci) Clima fresco, sem mosquitos... o paraíso |
Sanhaçu-frade (Stephanophorus diadematus) |
Foi muito interessante encontrar o pedreiro (Cinclodes pabsti), endemismo das serras gaúcha e catarinense, e não identificar qualquer diferença com o pedreiro-do-espinhaço (Cinclodes espinhacensis), festejado super endemismo que atrai birders aos confins da serra do Cipó (onde ocorre em uma área de menos de quinhentos km²!), a mais de mil quilômetros ao norte.
Até 2012 tratava-se da mesma espécie.
A biogeografia é uma matéria realmente fascinante.
Algumas espécies atravessam continentes, outras se isolam em pequenas áreas.
A variedade de vocações e suas origens na evolução dos seres, desde as primeiras penas que apareceram nos dinossauros, é algo instigante. Acaso e adaptabilidade seriam explicações suficientes?
Chupa-dente (Conopophaga lineata) |
Bico-grosso (Saltator maxillosus) |
Um dos pontos altos da viagem ficou por conta do pinto-do-mato-do-sul, possível nome popular dessa futura nova espécie.
Guardadas as devidas proporções, é o mesmo caso do pedreiro: duas populações do que se imaginava a mesma espécie, divididas, nesse caso, por uma barreira geográfica localizada no sul de SP, como mostra o mapa de registros da sp. no Wikiaves.
Guardadas as devidas proporções, é o mesmo caso do pedreiro: duas populações do que se imaginava a mesma espécie, divididas, nesse caso, por uma barreira geográfica localizada no sul de SP, como mostra o mapa de registros da sp. no Wikiaves.
"Pinto-do-mato-do-sul (Hylopezus pintoi)" |
O Fernando encantou esse daí! Disse inclusive o caminho por onde chegaria ao palco da apresentação. Lembram da tal imprevisibilidade? Toda regra tem exceção, e nesse caso, para nossa felicidade.
Na intimidade de um fantasminha |
A corujinha endêmica do sul do Brasil e países vizinhos nos proporcionou uma das melhores "caçadas" da viagem!
Logo no primeiro dia saímos atrás dela, aproveitando a estiagem, já que a previsão não era das melhores.
Paramos em um ponto de ocorrência e seguimos o protocolo. Estava ventando bastante, nenhuma resposta. Partimos pro jantar na esperança de que na volta o vento parasse. Vento não combina com corujada.
E mais uma vez São Pedro nos ajudou.
Sem vento, a sonhada resposta agitou a noite escura.
Festejamos o som da esperança, pois tudo ainda era só expectativa. Já tive outras experiências frustrantes com corujas. Ouvi-las não significa fotografá-las.
O tempo passava. O som se aproximou um pouco mas estancou em distância fora de nosso alcance. Outro indivíduo também respondeu distante, alimentando um misto de euforia e apreensão. Então me lembrei das cinco vezes que tentei fotografar o caburé-acanelado. Só consegui graças ao irmão Wagner Nogueira que se embrenhou atrás do som que também não se movia.
"Vamos atrás dela pessoal!!!" Todos concordaram animados!
No breu da noite, pulamos a cerca no final da subida do barranco, atravessamos o mato seguindo o pio que permanecia parado. Estávamos convictos de que se a gente não a encontrasse, ela não nos encontraria. O som, cada vez mais próximo, mas onde estava o bicho?!
Havia uma brenha daquelas! Pensei, o bicho só pode estar ali, por isso não estamos achando. Demos a volta na brenha e lá estava ela, na altura dos olhos e a poucos metros!!! E permaneceu ali por um bom tempo, mansa...
Corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae) |
Com o coração na boca! |
Grimpeirinho (Leptasthenura striolata), outro festejado lifer |
Noivinha-de-rabo-preto (Xolmis dominicana), ameaçado lifer que deu show, permitindo boa aproximação |
A fêmea |
Vou ficando por aqui para não me estender demais. Até a próxima e última parte das aves da serra catarinense.
Boas lembranças amigo, abs!
ResponderExcluirVlw Unknown rs
ExcluirUnknown Dinucci hehe
ResponderExcluirkkk
Excluir