domingo, 4 de setembro de 2022

O ninho

 Ave amigos!

Foi um momento tão especial que resolvi deixar aqui, registrado e compartilhado, principalmente para aqueles que comungam da mesma admiração, um pouco do que vi em Macaé/RJ, no primeiro dia desse mês.



Creio que mesmo sem ser um birder, ninguém passaria incólume diante de uma visão dessas


Foi com essa chegada triunfal do macho subadulto que fomos recebidos depois de uma viagem de quase 3 horas.

Um monstro alado voando com pesadas batidas de asas. Sabe aqueles filmes de dragões e seres mitológicos? Era o que mais se aproximava daquela cena.

A fêmea chegou com um galho com folhas


Aos fatos.

Um casal da nossa mais ameaçada águia (lembrando que há 9 águias no Brasil), a segunda maior do país (chega a 3,5 kg de peso, 1,90 m de envergadura e 85 cm de comprimento), resolveu fazer o primeiro ninho conhecido no país sobre uma construção humana. 
Só se tem notícia de mais um ninho nessas condições, na Argentina (Sarasola 2018). 
A diferença é que o ninho da Argentina estava a 10 metros do solo, enquanto o nosso está praticamente no topo de uma daquelas torres de transmissão de energia, a cerca de 40 metros do chão da floresta. E como se não fosse pouco, a enorme torre estava no alto de um morro cuja única visão era da estrada, no fundo do vale (o que é ótimo porque há casos de ninhos abandonados devido à presença humana).
Outro dado interessante que tivemos notícia no local é que se tem conhecimento desse ninho há 3 anos.

A pergunta que fica: com tantas árvores na região (o ninho se encontra dentro de uma unidade de conservação) porque esse casal escolheu fazer o ninho numa torre? 

Se algum dos nossos leitores trabalhar em empresa de energia seria interessante tentar fazer um levantamento de mais ninhos como esse.

Uma das visões do ninho


Quando chegamos o casal de águias-cinzentas (Urubitinga coronata) estava em plena atividade, levando material para o ninho, com pausa no trabalho para reforçar os laços (lembrando que, como outras espécies de águias, elas são monogâmicas):







Na última cena com essa fantástica águia, o macho nos sobrevoou, pegou uma térmica e sumiu atrás do morro. 









Despedimo-nos desejando sucesso ao casal na sagrada tarefa de perpetuação da espécie e agradecimentos aos amigos Serpa e Claudio pela ótima companhia, e ao Bruno Dinucci por ter me alertado sobre esse ninho incrível.

 





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