terça-feira, 4 de julho de 2023

Paraty, imperdível

 Ave amigos!

Já falamos aqui (https://ave-amigos.blogspot.com/2019/06/gracas-ao-soco-da-oca.html) da maravilhosa pousada OCA Paraty, um paraíso em meio à exuberante Mata Atlântica da cidade mais bonita do estado do Rio. Mas não posso deixar de agradecer mais uma vez pelas ações do casal de amigos Marcos e Sandra em prol da observação de aves. 

Dessa vez tivemos a oportunidade de acompanhar o grande ornitólogo e guia Guilherme Serpa num reconhecimento das potencialidades da região como destino para birders, em mais uma ação fomentadora do birdwatching dos nossos queridos anfitriões. 

E como não poderia deixar de ser, num dos municípios mais preservados do bioma, são enormes as possibilidades de encontrarmos espécies raras e ameaçadas. E lá fomos nós, com toda segurança e conhecimento de quem há mais de uma década trabalha com o ecoturismo na região.

Tivemos a oportunidade de conhecer também o famoso Luis da Mata, que nos proporcionou uma manhã fantástica em seu Ecosítio. Um lugar sensacional! O Luís também nos acompanhou em trilhas fantásticas. Observamos/fotografamos/ouvimos várias espécies tops! 

Esse foi o começo de uma parceria muito promissora entre esses amigos feras, no que costumo dizer que é uma das melhores formas de salvar nossa Natureza, o turismo sustentável. 

Eu, Serpa, Luis e Marcos numa experiência ornitológica e gastronômica top das galáxias


E pra começar com chave de ouro nosso relato, o Serpa operou praticamente um milagre! Trouxe, à altura dos olhos, o anambezinho, bicho em perigo de extinção que vive no alto das copas de grandes árvores da Mata Atlântica. 
Detalhe, o Luis tem um casal de anambezinhos como vizinhos, fora as várias outras espécies que vão e vem nos comedouros e flores que ornam seu pitoresco recanto, como tietingas, catirumbavas, gaturamos, saíras, periquitos, guaxes, beija-flor-de-bico-torto, beija-flor-rajado, rabo-branco-rubro entre muitos outros. Ele nos disse que até o sabiá-cica é frequente em seu "quintal", porém nesse dia ele não pintou.

Ecosítio Paraty, obra de arte do grande Luis da Mata



Anambezinho (Iodopleura pipra)








Outras espécies fantásticas que também pintaram:

Chirito (Ramphocaenus melanurus)


Papa-moscas-estrela (Hemitriccus furcatus), sp ameaçada porém abundante no ecosítio


As aves de rapina também marcaram presença. Em térmicas, a longa distância, observamos um casal de gaviões-pega-macaco aparentemente em voo nupcial, também gavião-pombo-grande e um imaturo urubu-rei. Em outro caso ficamos na dúvida se gavião-pato ou gavião-de-cauda-curta, devido à distância.

Primeira vez que encontro um urubu-rei (Sarcoramphus papa) no estado do Rio


Outro bicho top mas tinhoso, o tapaculo-pintado, também parece abundante no Ecosítio, mas daquele jeito, só no vocal😅. 



Paraty vai de 0 a mais de mil metros de altitude, a serra do Mar provoca muitas precipitações, fatores que propiciam uma incrível biodiversidade



No outro dia desbravamos uma trilha top!




Mesmo ainda sem responder bem ao playback, a passarada pintou pra mostrar que Paraty não é só a cidade mais charmosa e histórica do Rio de Janeiro, mas também um dos melhores destinos de observação de aves do país, pois além da Natureza pujante, em sua zona limítrofe com Angra dos Reis, temos um super endemismo, o formigueiro-de-cabeça-negra:

Formicivora erythronotos, infelizmente extremamente ameaçado

Na trilha, o primeiro a aparecer foi o pica-pau-verde-carijó:

Veniliornis spilogaster


Encontro sempre fantástico é com o pavó. Mesmo arisco e elusivo, o maior passarinho do Brasil impressiona. Fez um voo diferentão para pegar alguma coisa no alto de uma copa e desapareceu como surgiu, num passe de mágica.

Pavó (Pyroderus scutatus), entidade de nossas florestas

Nesse mesmo local um sabiá-cica passou sem dar chance para fotos. Assim como os tapaculos-pintados que ouvimos ao longo da trilha. 

Um pouco mais adiante esse araçari-poca continuou seu desjejum, não importando com nossa presença.


Araçari-poca (Selenidera maculirostris), bicho sensacional!
Sabiá-una (Turdus flavipes), um dos mais belos sabiás também canta muito




Assanhadinho (Myiobius barbatus), sempre nos recônditos mais escuros da floresta

Abre-asa-de-cabeça-cinza, rabo-branco-rubro e cuiú-cuiú também deram as caras. Ouvimos tovacas, macucos e inhambus, comprovando que o lugar é bão mesmo!

O Guilherme Serpa registrou esse cuiú-cuiú (Pionopsitta pileata) pousado, um dos psitacídeos mais tops de lá



Agora algumas fotos realizadas na OCA Paraty e em comedouros próximos.


O rabo-branco-rubro (Phaethornis ruber), um dos meus beija-flores preferidos, dá mole na OCA. Agradeço à parceria da Sandra nessa foto

As saíras-sete-cores (Tangara seledon), das mais lindas e comuns por lá, chegam sempre em festivos bandos nos comedouros da OCA 




Uma das minhas saíras favoritas, a saíra-militar (Tangara cyanocephala)

Também conhecida como saíra-de-lenço


O impressionante tiê-sangue (Ramphocelus bresilia) visita sempre os comedouros, mas sempre arisco




Benedito-de-testa-amarela (Melanerpes flavifrons), nunca chega sem avisar

E finalizando os registros esse, inédito para mim, tiê-preto leucístico:

Tachyphonus coronatus


Foram muitos mais registros, mas para não me delongar demais, fiz essa seleção que espero que gostem. 
Só me resta agora agradecer a todos os amigos, pedir perdão pelas falhas e recomendar esse destino imperdível!

PS: Mais uma vez o socó-boi-escuro me escapou, ficará para a próxima