O Rafael Fortes havia avisado que o PARNA Lagoa do Peixe
costuma proporcionar algumas surpresas, creio que por causa de sua grande
vocação de sempre receber tão bem nossos heroicos viajores alados. E, para
nossa sorte, desta vez não foi diferente!
Estávamos atravessando uma área do Parque, localizada em
Mostardas/RS, na brava Defender do grande Marinésio, que além de ótimo piloto é
um grande observador de aves, quando o Rafael alertou para um cochicho numa
excelente condição para fotos. Afinado com o Rafael, o Marinésio logo deu ré,
mas antes mesmo de conseguir ver o tal do cochicho, o Rafael, com sua grande
experiência da avifauna local, percebeu um pequeno passarinho diferente de tudo
que ele já tinha visto no PARNA. Seu espanto nos contagiou e saímos do carro
cheios de expectativas com a desconhecida novidade.
Enquanto fotografávamos o simpático tiranídeo, especulávamos.
Na minha tradicional ignorância perguntei várias vezes se não poderia ser um
tricolino jovem ou até mesmo um amarelinho do junco imaturo, meio que duvidando
só para realçar o gostinho da possível descoberta, pois no fundo acreditava
numa deliciosa novidade, já que nem o experiente Rafael reconheceu o bicho.
Para temperar ainda mais nossas expectativas, o também
experiente guia gaúcho Adrian Rupp havia nos dito, num daqueles prazerosos
jantares em Tavares, que haviam registrado recentemente uma nova espécie para o
Brasil naqueles imensos campos alagados que não nos cansávamos de percorrer.
A ansiedade só aumentava à medida que íamos conseguindo
ótimas fotos do bicho. Até que o grande Rafael conseguiu uma gravação e nos
tranquilizou quanto à certeza de identificarmos a enigmática espécie, seja ela
qual fosse.
Seguimos rumo ao restaurante onde almoçaríamos, especulando
sobre as possibilidades, mas ainda antes de nos deliciarmos com uma maravilhosa
tainha o Rafael conseguiu matar a charada. Confirmado através do confronto da
vocalização gravada, a nova espécie para o PARNA, pelo menos no Wikiaves, era o
raro papa-moscas-canela (Polystictus pectoralis), lifer não só para mim e para o grande Rudimar
Griesang, quanto para o experiente Rafael Fortes.
Uma daquelas coisas que deixa nossa atividade ainda mais
fascinante.
Polystictus pectoralis |
A forte cerração deixava as paisagens verdejantes ainda mais pitorescas |
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