sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Passarinhar, a melhor saída

Bem amigos, depois de meses de confinamento e tudo que estamos passando, duas semanas desconectado de todo esse pandemônio, em meio ao que de melhor nos restou da Mata Atlântica, foi como oxigênio para um cérebro prestes a desfalecer. Precisava demais. E recomendo.

Começamos em Ubatuba. 

Sediados no excelente Itamambuca Eco Resort, seu bem frequentado e bem localizado (luz difusa com fundo escuro) comedouro proporcionou fotos que me deixaram muito satisfeito, principalmente da saíra-militar e do saí-verde, este último pouco comum nos locais onde comumente passarinho no estado do Rio e que há muito desejava fotos que fizessem jus à sua beleza. 

Saíra-militar ou saíra-de-lenço



Fêmea


Saí-verde macho



Fêmea clicada no extraordinário sítio do Sr. Jonas


Mas sem dúvida a maior atração ornitológica de Ubatuba, principalmente para fotógrafos, é o sítio do Sr. Jonas. 

Praticamente na porteira do sítio já começamos a visita com o pé direito, encontrando, para minha grande felicidade, o raro vira-folha-de-peito-vermelho, primeiro dos três lifers da viagem. 
 
Acompanhado do meu querido filhote, o João Miguel, estava convicto de que se não o engrenasse de vez nessa viagem, meu sonho dele se tornar passarinheiro ruiria, afinal, o tempo, como um passarinho, saltita e voa. 
 
Para tanto, preparei um roteiro transcendental, finalizando com a transposição da barreira que nos separa dos animais selvagens. 
 
O plano de voo consistia em levá-lo a dois dos melhores comedouros do Brasil, finalizando com o contato físico direto, abundante e vertiginoso com elementos fantásticos de nossa fauna. Bote certeiro no coração de qualquer criança. 
 
Começamos bem, com ele mostrando seu talento fotográfico inato, realizando, com uma velha superzoom, o difícil registro do vira-folha. Depois de publicada, a imagem até recebeu elogios de uma lenda viva da ornitologia brasileira, o Sr. Johan Dalgas Frisch.


Vira-folha-de-peito-vermelho

No sítio, mascarado e mantendo a devida distância, enquanto conversava com o Sr. Jonas (uma prática que já foi corriqueira), fitava pra lá de satisfeito o Joãozinho sentado no cantinho da varanda, quietinho, em silêncio, se esbaldando nos clicks que podem ser conferidos no Wikiaves (João Miguel P. de Souza). Ah, se os caros amigos leitores quiserem me ajudar, aí vai uma dica, ele curte ler os comentários.

Nossa visita foi de médico, mais proseei que fotografei, mesmo assim deu tempo de fazer alguns registros que desejava. Além do saí-verde fêmea, um close do estupendo tiê-sangue e uma espreguiçada do fantástico topetinho-verde, a espécie que mais desejava fotografar nos comedouros/bebedouros do famoso sítio.

Esse gostou da fila da tinta vermelha

 


O topetudo topetinho não afina pros grandões




Digno de menção também foi o auxílio que tive do Wandel Buzoni, apresentando-me à também famosa fazenda Angelim, onde infelizmente o patinho-gigante não "deu as caras", apesar de ouvirmos seu chamado. Muito obrigado pelo apoio e pelas informações meu amigo!
 
Amanhecer na foz do rio Itamambuca, em Ubatuba, uma das cidades mais preservadas do Brasil

 
Partimos para a serra de Itatiaia, onde nossa querida e saudosa amiga Márcia tão bem nos recebia. Impossível não relembrar dos momentos felizes que desfrutamos juntos. 
 
 
Encontro inolvidável da Ecoavis em Rio Piracicaba/MG, a Márcia foi nossa convidada de honra
 
 
De certa forma, ser guiado pelo Hudson Martins foi como uma singela homenagem, pois lembro-me dela o incentivando no início de sua carreira. A Márcia falava super bem dele pra mim, elogiando-o como guia, em clara demonstração de sincera, valiosa amizade. Convidou-me para uma de suas primeiras guiadas, numa das primeiras vezes que fui a Itatiaia, ocasião quando o conheci. Atualmente, o Hudson é um dos guias mais conhecidos do Brasil, apresentando nossa Natureza a birders do Brasil e de todo mundo.

Deixo aqui essa nossa última foto, como eterno agradecimento pelo carinho que sempre dispensou a mim e a toda minha família. Saudoso abraço querida amiga, mais cedo ou mais tarde nos reencontraremos!
 
Janeiro do corrente ano, nosso último encontro nesse plano
 

Deixei com o Hudson o itinerário, então ele achou por bem começarmos com o solitário jovem frango-d'água-carijó que pintou em Resende. Logo depois partimos para outra serra, a da Bocaina, belo lugar que ainda não conhecia, um dos melhores para fotografar o raro negrinho-do-mato.

Frango-d'água jovem, destaque para o dedo médio bem maior que o tarso


O Hudson cantou a pedra: esse bicho é melhor de tarde, lá pelas quatro horas. E não deu outra! De manhã nada. Às quatro, bingo! 
 
O simpático cantor daqueles bambuzinhos ornamentais nos encheu de alegria quando o ouvimos pela primeira vez. E o ponto alto do show rolou quando pousou no bambu estrategicamente posicionado e ainda com um talinho no bico, não sei se se alimentando ou mostrando quem manda no pedaço.

Negrinho-do-mato


Habitat do negrinho-do-mato-com-bambuzim-bunitim

O reencontro com a tesoura-cinzenta também foi legal

 
Já em Itatiaia, os destaques foram os beija-flores e as arapongas-do-horto, que estavam se alimentando nos jardins do hotel Donati.

Fadinha no mulungu, belezas que se completam


Topetinho-vermelho no Donati? Procurem o Tiago "Sereio", tá sempre ligado no bicho


Araponga-do-horto, bichinho doido


Assim terminou nossa primeira semana de férias. 
 
Despedimos da serra e partimos novamente pro litoral, mas dessa vez litoral sul de SP, em busca de um dos papagaios mais raros do Brasil.

A Natureza recarrega minhas baterias, muita energia envolvida

Para minha sorte, a observação de aves é super recomendada nesses tempos sombrios


PS: vale ressaltar que todos os lugares visitados se adequaram ao inevitável, e esperamos transitório, "novo normal"

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