domingo, 24 de janeiro de 2016

Ave Santa Catarina! Segunda Parte

Nosso pouso em Joinville foi no Hotel Fazenda Dona Francisca que, cercado por uma Mata Atlântica Montana, muito me impressionou pela quantidade de nossas amigas emplumadas. Claro que essa percepção foi sonora, é consenso que em florestas a audição é mais útil que a visão.

Muitos dos sons eu nunca tinha ouvido ou não lembrava ou mesmo o sotaque (isso mesmo, as aves também tem sotaque) poderia ter me confundido, fato é que apesar de nascer e crescer neste bioma, praticamente tudo que ouvia era novo. Uma euforia só!

Mas um em especial eu consegui identificar, pois num estudo prévio selecionei e estudei os possíveis lifers que poderia encontrar. Era o capitão-castanho, ave "de copa", que apesar de abundante naquelas matas, é muito difícil de fotografar, haja vista a altura das árvores.

Attila phoenicurus, bastante comum na bela mata do Hotel


Gostaria de ter tido mais tempo para explorar aquela mata, mas como todos gostamos, terei outras oportunidades pois com certeza um dia retornaremos. Inclusive conversei com o Vilde a respeito e ele me falou que já fez um levantamento das aves de lá. Cheguei até a sugerir à gerente do Hotel que implementasse o turismo de observação de aves pois aquele local realmente tem potencial.

O turismo de observação de aves é o de menor custo e pode ajudar a salvar o pouco que restou da preciosa Mata Atlântica

Bem, com exceção das duas ou três horas que explorei a mata do Hotel, tive somente duas oportunidades de passarinhar em Joinville, ambas na agradável companhia do grande Vilde, que me proporcionou uma experiência ímpar em sua famosa Pedra Encantada. Mas esta história merece um capítulo à parte.

Também fomos à propriedade do amigo Osni Munhoz que infelizmente, por motivos profissionais, não pode comparecer. Aproveito o ensejo para lhe agradecer a oportunidade. Lá o Vilde me apresentou três espécies magníficas praticamente restritas à região mais meridional do Brasil e que há um bom tempo queria fotografar:

Saíra-preciosa (Tangara preciosa)

Tico-tico-da-taquara (Poospiza cabanisi)

O sanhaçu-papa-laranja (Pipraeidea bonariensis) era a ave mais desejada e deu um show a parte. Todos os membros de sua família compareceram em um desfile cheio de expectativas que terminou com um "grand finale":

Essa jovem fêmea foi a primeira a desfilar

Logo depois apareceu essa linda fêmea com nobres ares

Depois de algumas horas de uma espera que já estava beirando a aflição, um jovem macho pintou como que para me preparar para o que estava por vir.


Quase lá 

E então, para fechar com chave de ouro, o macho adulto, com sua singular plumagem, apareceu na "prorrogação do segundo tempo", quando a luz e a esperança já estavam por um fio.


Sanhaçu-papa-laranja, em todo seu esplendor

Muito satisfeito, ficamos, eu e o Vilde, conversando sobre a vida, esperando a noite cair, para tentarmos a corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae) que vive no rancho.

O nobre Vilde não poupou esforços, mas quando não é para ser, não adianta, e a corujinha sulina também ficou para próxima, reforçando os já vários motivos para meu regresso à extraordinária Santa Catarina.

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