quarta-feira, 6 de maio de 2015

A magnífica Rio Piracicaba!

Ave!

Tudo começou em outubro do ano passado, quando durante nossa viagem à Alta Floresta/MT, o Tavinho Moura manifestou sua vontade de conhecer a Floresta Encantada - mata boa de bicho que se estende pelos municípios mineiros de Rio Piracicaba e São Gonçalo do Rio Abaixo, e que vem me surpreendendo desde sua descoberta.

Mais uma vez os astros se alinharam, permitindo que aquela ideia inicial se transformasse na maior de todas as excursões realizadas em Rio Piracicaba/MG.

Sabemos que o sucesso de uma excursão ornitológica depende em grande parte das aves, mas claro que sem a seleção que se reuniu em Piracity (como carinhosamente Rio Piracicaba é chamada pelos jequizeiros mais descolados), não teríamos alcançado o resultado conquistado, que, diga-se de passagem, superou as melhores expectativas.

Nesta excursão (a quarta, desde a descoberta da Floresta), além, é claro, do ícone da cultura mineira e profundo conhecedor de nossa natureza, Tavinho Moura, contamos com um timaço de feras da ornitologia brasileira: Wagner Nogueira, Juliano Silva, Roney Souza, Eduardo Franco e Daniel Esser.

E por uma feliz coincidência, tivemos o privilégio de contar com a ilustre presença do renomado ornitólogo Fernando Pacheco, diretor do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos e membro do South American Classification Committee, que, dentre sua vasta obra científica, podemos destacar a coordenação da Bíblia das aves do Brasil, o Ornitologia Brasileira, do Helmut Sick e a descoberta/descrição de várias espécies de aves brasileiras, já sendo até homenageado com uma espécie de ave que recebeu seu nome, o Scytalopus pachecoi.

Aliás, justíssima homenagem, haja vista a dedicação de praticamente uma vida inteira destinada à ornitologia brasileira, passando por todo tipo de adversidade, para que hoje nós tenhamos acesso, do conforto de nossas casas, a um maior conhecimento de nossa avifauna.
Só isto já bastaria para eu ser grato ao Fernando, mas particularmente tenho mais motivos de gratidão, pois assim que me mudei para o Rio de Janeiro, o Fernando me recepcionou muito bem, convidando-me a fazer parte da comunidade de birders daqui.

Bem, e qual foi a feliz coincidência? Termos marcado uma excursão à serra do Cipó logo antes da excursão à Rio Piracicaba, o que propiciou a ida do Mestre a terras jequizeiras. A excursão ao Cipó foi muito boa e será objeto de um futuro post, mas a de Piracity foi mais que excelente, foi magnífica, usando da feliz classificação do futuro ornitólogo Roney Souza.

Outro agradecimento que tenho que fazer é à Companhia Vale, pois graças ao cancelamento de última hora de seu trem de passageiros, “descobrimos” um lugar que protagonizou os maiores momentos desta excursão (mas não se enganem, a Floresta Encantada continuou nos surpreendendo também): o "Brejão do Morro Agudo".

O mais interessante é que o tal brejo é caminho da roça nosso, pois passamos nele para ir ao sítio do meu padrasto, um lugar que tem um astral muito massa e onde já observei Spizaetus melanoleucus e lobo-guará, além de dois testemunhos de onça-parda. E esta mesma estrada que passa pelo Brejão e pelo sítio termina na BR 381, onde, na última hora, propus pegá-la para sairmos da "rodovia da morte" e de quebra começarmos nosso levantamento da avifauna da região. 

Estávamos eu, o Edu, o Fernando e o Tavinho e foi unânime a decisão de sairmos da BR, pegando o atalho "de terra" proposto. Assim conhecemos o Brejão do Morro Agudo. 

Claro que eu já conhecia o lugar, ali minha avó D. Naná nascera há 86 anos atrás. O Morro Agudo já foi até visitado por um dos maiores ornitólogos de todos os tempos, o grande Olivério Pinto, na década de 40. Tudo parecia conspirar para estarmos naquele local tão significativo para mim. 

Alguém poderia me questionar como nunca havia percebido o potencial daquele lugar apesar de passar sempre por ali. Simples, a área do entorno do brejo é muito degradada, muito eucalipto de um lado, e do outro o Morro Agudo, que devido à mineração, virou um morro achatado. 

Nunca me passou pela cabeça que poderia encontrar tantas espécies fantásticas naquele lugar tão explorado.

Rs, quanta ignorância minha! O Wagner me explicou que a vegetação daquela grande área encharcada, que serpenteia os pés do Morro Agudo, é original, idêntica à das áreas de conservação em que ele trabalhou em Ouro Preto. O fato é que, quando passamos por aquele lugar, havia tal quantidade de bichos que parecia que brotavam do chão, só vi algo parecido no pantanal matogrossense! 

Bem, o que encontramos lá serão cenas do próximo capítulo, mas posso lhes adiantar, foi magnífico!

Em pé: Juliano, eu, Tavinho, Roney e Eduardo
Sentados: Fernando, Daniel e Wagner
Juliano Silva e Roney Souza em ação na Floresta Encantada
Esta e a foto acima foram gentilmente cedidas por Eduardo Franco
Fernando Pacheco e Eduardo Franco no Brejão do Morro Agudo

Agradeço imensamente a companhia e ajuda dos amigos que muito somaram para esta magnífica excursão!

6 comentários:

  1. Legal, João, mas pelamordedeus, não me inclua entre essas feras lá em cima não, cara.
    Agora que foi uma passarinhada das mais magníficas, foi. Quantas aves legais, quantos episódios emocionantes, quantas conversas fiadas boas, quantas fotos ruins para a lata de lixo, quantas fotos boas para mostrar pro pessoal.
    Com companheiros como esses e sua coordenação, só podia dar nisso.
    Abração e obrigado pelo convite.

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    1. Daniel, deixa de ser modesto ômi! rs
      Vc é um doutor em Sporophila sp e aves canoras, já aprendi muito contigo.
      Muito obrigado!

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  2. Foi um prazer e uma honra poder dividir estes momentos com pessoas tão incríveis quanto vocês!

    Espero que isso possa se repetir muitas e muitas vezes!

    Grande abraço, João!

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  3. Grande Wagner! Foi realmente sensacional! Inesquecível!
    Quem sabe a Ecoavis, com o apoio dos membros interessados, não repete a dose?
    Grande abraço!

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  4. ... a mão de DEUS,ainda bem que ainda esta por lá!

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  5. ... a mão de DEUS,ainda bem que ainda esta por lá!

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