quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Chapada Diamantina, parte II

A Chapada Diamantina tem aquele jeitão de norte de Minas, parece não ter fim.

Impossível não lembrar de Columbina cyanopis... aquela areia branca emoldurada pelos paredões de pedra do Espinhaço de Botumirim se reproduz com incrível semelhança na Chapada Diamantina. Impossível não lembrar da maior expedição da minha vida, atrás da preciosidade, em 2015, relatada aqui em "Espinhaço Épico". Tenho certeza que um dia algum atento e persistente observador encontrará a rolinha do espinhaço na Chapada.
Qualquer semelhança com Botumirim não é mera coincidência, ambos lugares fazem parte da grande cadeia do Espinhaço


Fomos em dois lugares que mais pareciam enormes jardins. O solo, formado pela tal areia branca, destacava ainda mais a riqueza biológica do lugar e a beleza típica dos campos rupestres.

Clarinha fez um belo trabalho capturando um pouco da incrível biodiversidade local. Segue uma pequena amostra do seu acervo:

As minúsculas flores do gervão são muito apreciadas pelos beija-flores

Rapé(Encyclia alboxantina), bela orquídea da Chapada





O "jardim dos beija-flores"

A quantidade de beija-flores era incrível, pessoal! Tinha lugar que ficávamos rodeados por quatro, cinco beija-flores-marrons! Essa enigmática espécie era um dos principais objetivos da viagem.

Há duas áreas de ocorrência muito distintas dessa ave aqui no Brasil. Uma na Chapada Diamantina e outra no norte de Roraima, em região também serrana. Talvez a Geologia, remontando remotas eras, consiga desvendar essa intrigante distribuição.

Beija-flor-marrom (Colibri delphinae)


Desde que conheci o beija-flor-marrom no Wikiaves ficava me questionando se ele migrava até Roraima no período que "sumia" da Chapada, pois por mais "louco" que possa parecer, há muitas "insanidades" quando o assunto é migração de aves.

Mas minha dúvida foi esclarecida pelo Thalison antes dele me apresentar à espécie.

Quando os beija-flores-marrons não estão concentrados nas florações que ocorrem nessa época, eles estão espalhados no topo das serras da Chapada Diamantina, região vasta, erma e de difícil acesso. Esse tipo de migração é conhecida como altitudinal e é muito comum entre as aves.

Beija-flor-marrom na calhandra-vermelha, uma de suas favoritas






E para finalizar o grande show do power trio, uma magnífica especialidade da Chapada Diamantina, o gravatinha-vermelha.


Augastes lumachella





Diamante vale quanto brilha, precioso gravatinha


E com essas joias nos despedimos dos campos rupestres/Foto: Clara Botto

Mas o festival de aves da Chapada Diamantina continua no cerradão.

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